Primeiramente, considera-se cálculo mental um conjunto
de procedimentos de cálculo que podem ser analisados e articulados
diferentemente por cada indivíduo para a obtenção mais adequada de resultados
exatos ou aproximados, com ou sem o uso de lápis e papel. Os procedimentos de
cálculo mental se apoiam nas propriedades do sistema de numeração decimal e nas
propriedades das operações, e colocam em ação diferentes tipos de escrita
numérica, assim como diferentes relações entre os números. O cálculo mental
permite maior flexibilidade de calcular, bem como maior segurança e consciência
na realização e confirmação dos resultados esperados, tornando-se relevante na
capacidade de enfrentar problemas. Tal desenvolvimento de estratégias pessoais
para se calcular vai ao encontro das tendências recentes da psicologia do
desenvolvimento cognitivo, que nos apontam para a importância de uma
aprendizagem com significado e do desenvolvimento da autonomia do aluno.
Há quem acredite que o importante do cálculo mental é
fazer a conta bem depressa, mas é bobagem querer competir com a calculadora. As
vantagens são outras. Ao fazer a conta de cabeça, o estudante percebe que há
caminhos diversos na resolução de um mesmo problema. É pelo cálculo mental que
ele também aprende a realizar estimativas (ler uma conta e imaginar um
resultado aproximado) e percebe as propriedades associativa (une dezena com
dezena, unidade com unidade e assim por diante) e de decomposição (nota que 10
= 5 +5, entre outras possibilidades). Isso tudo sem precisar conhecer esses
termos.
Crianças que fazem pesquisa de preços, guardam dinheiro
para comprar uma revista, e principalmente, aquelas que ajudam os pais no
comércio "fazem" matemática muito antes de ouvir falar em fórmulas e
operações. O problema é que, na escola, se ensina a elas como calcular
desconsiderando totalmente o que já sabem. O cálculo mental sempre esteve
presente no comércio ou na construção civil, por exemplo. Os professores
precisam trazer essa habilidade para a sala de aula.
Os alunos já sabem fazer conta de cabeça. O professor
só precisa descobrir as estratégias que eles usam e mostrar outras, a turma vai
se sair bem melhor nos cálculos escritos.
A base são as situações-problema. Em questões como a
distribuição de 24 brinquedos de uma caixa entre quatro crianças, por exemplo,
primeiro é preciso verificar se os alunos compreenderam os valores em jogo e o
que essa operação implicará (o número maior ficará menor). Como eles imaginam
que o problema será solucionado? Conversar sobre a atividade é bem diferente de
dar pistas sobre o cálculo a ser usado. Se o objetivo é que a turma utilize
procedimentos próprios, não informar nem dar dicas é uma condição didática
necessária.
Compreendida a
proposta, cada um procura as próprias estratégias para chegar ao resultado.
Depois, é hora de compartilhar os valores encontrados e discutir as táticas
usadas. O professor registra no quadro-negro as operações parciais
desenvolvidas pelos estudantes, registrando-as em linguagem matemática,
conforme as informações fornecidas por eles mesmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário