2 de abr. de 2013

Considerações Finais

Estabelecemos pela reflexão que, em sua ação usual, a escola impõe aos alunos uma obediência irrefletida às definições e aos algoritmos. Sob a égide de interpretações um tanto enviesadas da concepção racionalista de ciência e do significado do formalismo na evolução do pensamento matemático, toma o modelo formal euclidiano como método de ensino e exagera no simbolismo precoce. É a Matemática de interesse do matemático de profissão, ciência fechada em si mesma concretiza-se uma visão parcial de ciência em que os modelos interpretativos do mundo abdicam da visão de mundo do sujeito que aprende.

 Por certo, pensar a Matemática na escola como um processo de formação de conceitos exige repensar o papel do professor, as condições de viabilização do trabalho pedagógico, a maneira de pensar, de sentir e de agir em Educação, o momento histórico e as características e o interesse da clientela. Trata-se de tarefa cujo movimento gira em torno do envolvimento de toda a comunidade escolar; particularmente, relaciona-se ao processo de conscientização do professor para a necessidade de uma nova postura frente ao aluno. Nosso estudo aponta para a necessidade de rupturas no sentido de pensá-la como instrumento para coordenar idéias, para dar consistência a argumentos e fomentar dúvidas.

 Trata-se de construção lenta, resultante de compromisso com os alunos. Numa análise mais crítica, poderíamos afirmar que o principal dividendo conquistado pelo projeto foi tornar consensual esse modo de pensar, o que também não é pouco; mas as bases e as condições para continuidade do trabalho pedagógico nesta direção estão postas e solidificadas. Configura postura teórico-metodológica que requer do professor o questionamento de certas concepções pedagógicas historicamente difundidas no cotidiano da escola e à concepção que se tem do conhecimento.

Do esforço de decisão, compromisso e ação depende a ocorrência de situações favoráveis à realização do indivíduo, professor ou aluno, pela força das relações interpessoais. É pela reflexão sobre o fazer pedagógico que aspectos do movimento renovador fluirão sobre a égide do debate e do confronto de idéias. Implementar a proposta de trabalho pedagógico importa em reeducar o docente, tornando-o co-responsável pela elaboração dos programas e pela renovação da metodologia de ensino de Matemática. Uma crítica da situação do ensino de Matemática na escola básica com vistas à melhoria do presente estado de conhecimento passa pelos questionamentos sobre como pode o aluno desenvolver o pensamento analítico ou raciocínio lógico.

Desse modo, é uma ação que visa definir as linhas gerais de um processo de construção do conhecimento matemático, descrevendo e explicando os fenômenos relativos às relações entre ensino e aprendizagem. Consiste numa ação pedagógica que vê a aprendizagem matemática como um processo que vai além do âmbito escolar e no qual a intervenção do aluno exerce papel determinante; vale dizer, há um uso social inerente ao conhecimento matemático e que alguns conhecimentos matemáticos são construídos pelas crianças a partir de sua experiência social.

 Constitui um passo importante nessa direção a clareza do educador de que o aluno desenvolve o raciocínio agindo e refletindo sobre a realidade que o cerca, isto é, usando ativamente as informações de que dispõe. Por isso, as ações de formação docente em serviço devem se consolidar em termos dos princípios norteadores das reformas curriculares em vigor, situando-as no âmbito das conquistas da pesquisa em Educação Matemática, de seleção de materiais didáticos, no auxílio ao preparo das aulas, no seu acompanhamento e avaliação.

 É pela problematização da prática pedagógica, a partir das representações dos interlocutores envolvidos no trabalho nas escolas que se logrará o levantamento diagnóstico para um melhor encaminhamento da ação técnico - pedagógica na escola.

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